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Evolução Espiritual

As Duas Grandes Leis Espirituais
(Liberdade e Obediência)
Descerrando o véu que oculta o Mistério da Vontade de Deus

 

Primeira Parte, Capítulo 1
EVOLUÇÃO ESPIRITUAL

 

Os homens, precipuamente, seguem uma religião adaptada à sua mentalidade e depois de perlustrarem todas elas, à medida que se desenvolve o seu espírito, vem o tempo em que regressam as suas almas ao Espírito de Deus de onde saíram, depois de percorrer milhares de etapas espirituais, nas múltiplas encarnações que são obrigadas a realizar, seguindo o Plano traçado por Deus na Sua Sabedoria Infinita.

Daí que todos os homens sigam as diversas religiões até julgar que nenhuma lhes satisfaz; e então, recém discernindo o verdadeiro do falso, veem a Verdade: sua volta ao Pai Celestial, mediante o conhecimento do Verdadeiro Caminho.

Mas, antes, confusos em seus desejos de conhecer aquilo que escapa à sua percepção, afastam-se das seitas religiosas e procuram, na investigação do “Além”, algo que confirme a existência do mundo espiritual e satisfaça a sede de conhecimentos anelados por todos os homens, guiados por uma espécie de instinto natural, inato a todo ser humano, conhecido com a denominação de “ideia da religiosidade da alma”, que os leva das religiões feitas pelos mesmos homens a outras escolas filosóficas ou psíquicas, também obras humanas ou de espíritos desencarnados em seu estado primário de evolução.

Daí porque os vemos caminhar de uma a outra seita religiosa, de sociedade em sociedade, de mestre em mestre, em busca de algo que sacie sua sede de conhecimentos, para satisfazerem essa ansiedade espiritual, até que achem a “seu tempo” a Verdade, depois de múltiplos esforços e múltiplos desenganos.

Poucos, os materialistas, indiferentes a esta luta pela conquista da Verdade, nada aceitam e não se dão ao labor de pesquisar, convictos unicamente da existência do universo físico; e muitos, alheios a qualquer estudo espiritual, absorvidos pela diversidade de problemas apresentados ante seus olhos, para satisfazerem as exigências da vida material, em “seus respectivos tempos” chegarão, igualmente, à Verdade.

Conhecendo a trajetória que as almas percorrem em suas diferentes encarnações, não entraremos na análise da variedade de fatores concorrentes à formação do motivo que as impele a aceitar ou repelir, uma a uma, todas as religiões e escolas filosóficas, porque a “Razão Divina” manifesta-se na “razão” de cada homem, de acordo com esse Plano Universal que a cada um dá o que lhe é necessário, tanto para a vida física como para vida espiritual.

Assim como não se cumpriria a existência da humanidade nem de todos os seres em geral, sem que a Natureza, criada para seus fins, produzisse tudo quanto é necessário para a vida física, identicamente ocorre quanto à vida espiritual.

Portanto, na relatividade da escala evolutiva tudo tem a sua razão de ser: desde o selvagem das selvas até o homem mais civilizado, cada qual tem “sua razão” espiritual determinada por causas superiores à compreensão humana.

Assim como todos os seres agrupam-se, adaptando-se a seu respectivo ambiente, assim também os homens congregam-se e adaptam-se às suas respectivas ideologias.

Assim como a criança recém-nascida deve tomar o alimento adaptado a seus órgãos em crescimento e, gradativamente, vai tomando diferentes alimentos, na medida do desenvolvimento de seus órgãos de nutrição, até poder digerir alimentos mais sólidos; assim também ocorre na vida espiritual… “A Natureza não dá saltos”. E quando parece que os dá, é somente em aparência.

Para demonstrar essa “razão” natural que tem cada pessoa em relação ao seu progresso evolutivo, é suficiente notar que os homens não se encontram situados no mesmo plano mental, devido a não terem todos igual desenvolvimento intelectual.

Nem todos os homens aproveitam as mesmas possibilidades para a aquisição de conhecimentos, nem todos têm as mesmas oportunidades que hão de servir para formar o cabedal de conhecimentos constitutivo da consciência.

Nem tão pouco os “egos” poderiam passar por todas as experiências indispensáveis no decurso de uma única encarnação: “o mundo é uma grande escola, na qual contemplamos díspares mentalidades em suas respectivas aulas: desde o aluno do Kindergarten até o aluno de estudos superiores, com seus respectivos mestres.”

Sob outro ponto de vista, como conceber-se melhor a Justiça Divina? Esta Verdade é evidenciada nas Doutrinas de Buda e Cristo, como o comprovaremos mais adiante. E tão antiga como a ideia da imortalidade da alma.

Não seria concebível uma Justiça Imanente, senão no conceito evangélico: “Pedro começou a falar e disse: Em verdade reconheço que Deus não faz acepção de pessoas. Mas que em toda nação aquele que o teme e faz o que é justo, este lhe é aceito;” (Cap. 10, vs. 34 e 35 dos Atos).

Assim ensinou o próprio Cristo perdoando aos seus ofensores; identicamente, todos os Apóstolos os quais tinham o mesmo Espírito de Cristo.

A Justiça Divina toma em consideração a “Ignorância” dos homens e não a sua “Maldade”.

Vislumbrando essa Justiça Divina, compreende-se que não é acessível à mentalidade de todos os homens em geral, habituados a não verem outra coisa senão a responsabilidade humana.

Assim como na ordem física, intelectual e moral existem diferentes planos; assim também, dentro da ordem espiritual, existem variadíssimos planos de consciência.

Observamos no panorama do mundo “egos” em diferentes planos de evolução, despreocupando-nos da evolução global que não é o fim desta obra.

Este panorama que contemplamos na atualidade é o que denominaremos LEI DE LIBERDADE, empregando a justa interpretação evangélica, conforme iremos demonstrando à medida que avancemos neste tema.

Dentro desta LEI atuam todos os homens, sem exceção, ou, propriamente dito, seus “egos”, até que lhes é chegado o “tempo” em que a abandonam por outra melhor: a LEI DE OBEDIÊNCIA.

Na LEI DE LIBERDADE estão todos os homens que creem em sua “liberdade”, tanto os que se julgam até “absolutos”, como os que confessam ou reconhecem que essa “liberdade” a receberam de Deus, pelo que não são livres dEle; no que são unânimes em aceitar que a “liberdade” humana é “relativa”, já que o “Absoluto” só pode residir em Deus.

Em suma, toda pessoa que se diz “livre”, porque é consciente dessa “liberdade”, sendo e sentindo que é “livre”, pela “liberdade” que tem por sua vontade de mover-se, acionar-se, e, sobretudo, de poder pensar: seu “livre arbítrio”, sua “autodeterminação”, está, repetimos, dentro desta grande LEI espiritual.

Vivendo na LEI DA LIBERDADE, todos os homens têm “sua razão”, e esta está em proporção direta aos conhecimentos possuídos por cada um, porque ninguém pode raciocinar sobre aquilo que desconhece, que não chegou à sua consciência. Do que se depreende que essa “razão” de cada qual é “relativa” aos conhecimentos acumulados na consciência. Isto pode-se esclarecer com um exemplo: Se propomos a uma pessoa que apenas sabe as quatro operações fundamentais de Aritmética que efetue a soma de 1 até 100, ela principiará por dizer: 1+2+3+4+5+6…+100=5.050.

Tem sua “razão” de proceder assim, porque não pode ir além do que conhece.

Pois bem, se à mesma pessoa, manda-se-lhe fazer a soma de 1 até 1.000.000.000.000, aperceber-se-á no final de que, o que lhe parecia empregar pouco tempo, é absolutamente impossível. E assim é realmente; pois, na hipótese de que demorasse um segundo em somar cada número, seria tal a quantidade de séculos que representam 1.000.000.000.000 de segundos, que desde Adão até nossos dias não decorreu tanto tempo.

A outra pessoa que tem maiores conhecimentos de Matemática, sabe Álgebra, propõe-se-lhe o mesmo problema: somar de 1 até 1.000.000.000.000. Imediatamente dirá que se trata da soma dos termos de uma progressão aritmética, e aplicando a respectiva fórmula:

Sn = (a1+an).n/2 O primeiro termo mais o último, multiplicado pelo número de termos e dividido por 2.

Substituirá na fórmula os dados do problema:

Sn=(1+1.000.000.000.000) 1.000.000.000.000 / 2 = 500.000.000.000.500.000.000.000 unidades.

Como se demonstra, achará a soma proposta com tanta facilidade, como impossível foi para a primeira pessoa resolver esse problema.

E, generalizando, o que para um é impossível, para outro é facílimo; e assim como é no sentido material, também é no sentido espiritual: os polos opostos.

Os homens, dizíamos antes, não podem dar saltos em sua evolução e, quando parece que isto acontece, é só aparentemente. Porque existe uma Lei adaptada à evolução espiritual, que torna possível aos homens, independentemente de quaisquer seitas religiosas e de todas as ideologias que adotem, compreender as Verdades Espirituais, para o que independe dos conhecimentos científicos, religiosos ou filosóficos obtidos em uma encarnação determinada, porque, mediante o mesmo Plano Divino, tiveram-nos em encarnações anteriores. Isso vemos corroborado com as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Se vos tenho falado das coisas terrenas, e não me credes, como crereis, se vos falar das celestiais?” (Cap. 3, v, 12, Ev. S. João).

E quem ignora que o Senhor escolheu pescadores e outros homens humildes, para que com Sua Sabedoria humilhassem aos sábios e entendidos? Pois o único sábio, naquela época, entre os Apóstolos era São Paulo.

Pelo que se depreende que, não podendo existir contradição senão aparentemente nas palavras do Evangelho, os “egos” dos Discípulos do Senhor tinham passado, em encarnações precedentes, por todas as experiências indispensáveis para chegar, a “seu tempo”, à compreensão da Sublime Doutrina que conduz à Unificação com Deus, de forma consciente e sem esperar passar, desencarnando, ao mundo superior do Espírito. Unificação que primeiro a realizou Cristo, e depois Seus Santos Apóstolos e Discípulos; bem como todo o homem que creia e pratique a Doutrina por Ele ensinada, que se sustenta, como demonstraremos oportunamente, na salvadora LEI DE OBEDIÊNCIA.

Pelos fundamentos que antecedem, deduz-se facilmente porque, seguindo quaisquer das Doutrinas Verdadeiras, chega-se a Deus, ainda que, como veremos mais adiante, a Unificação se alcance por gradações, ou seja, diferentes graus de Unificação com os Poderes, que se podem conceber humanamente como: Vontade, Inteligência, Ciência de Deus, Amor, Luz; concordantes em suas diferentes gradações, todas elas, com o fim de ilustrar o “ego” para, em seu “devido tempo”, alcançar a Grande Unificação com a Onipotência Divina. As Unificações parciais vão se alcançando nas diversas encarnações até chegar à Meta Final.

Devo esclarecer que a concepção absurda dada como um “princípio” de que por qualquer religião chega-se a Deus não se deve tomar nesse sentido “absoluto” e muito menos seguindo religiões ou doutrinas de homens ou de espíritos muito atrasados (demônios); como acontece no presente em que as duas Grandes Doutrinas, que abrangem quase toda a Terra, Budismo e Cristianismo, em verdade não existem; pois ambas, poucos séculos depois de ensinadas, foram pouco a pouco transformadas em religiões e muitíssimas seitas, todas opostas às Doutrinas desses Enviados Divinos, ocasionando o “caos” em que atualmente se encontra o mundo.

Estas religiões e seitas, em sua luta demoníaca travada entre semelhantes para manter cada uma sua preponderância, tomam o aspecto da Verdade, enganando os “egos” que, na sua ignorância, condenam-se com o que aceitam, afastando-se cada vez mais de Deus.

Os desprovidos de critério espiritual, os “materialistas”, longe das religiões, ainda que ateus, procedendo corretamente, estão mais próximos de Deus do que os que aparentemente parecem estar, com seus cultos externos, suas imagens, confissões e comunhões ou outras expressões do obscurantismo. E isto vemos confirmado na prática: quantos “materialistas” há dignos em seus atos, tanto na vida privada como na pública? Felizmente não aceitaram nenhuma doutrina humana nem espírita, que, na maioria dos casos, são a porta de entrada para o fanatismo, o sectarismo e a loucura.

Os que se afastam de quaisquer seitas, mas creem em um Espírito Criador do Universo, Deus, e em Seu Filho Jesus Cristo, estão aptos para chegar mais rapidamente à Verdade; porque carecem de preconceitos, os enormes obstáculos em que se tropeça para alcançar o “Discernimento” real, para não tomar o Erro pela Verdade, nem a Verdade pelo Erro.

Há casos isolados nos quais parece, à primeira vista, chega-se a Deus, seguindo quaisquer das hoje chamadas religiões, ou as doutrinas falsas ou deturpadas, existentes em todas as épocas; exemplo: o caso de Saulo de Tarso, sectário fariseu e depois grande Apóstolo dos Gentios, São Paulo.

É de se esclarecer este caso: não é o mesmo seguir uma religião, como todas elas desviada, para chegar a Deus, ou ser, não uma exceção, mas a confirmação de que o grande Apóstolo São Paulo não poderia alcançar a Vida Eterna dentro de uma seita duplamente errônea, como todas as seitas; senão porque o Senhor Jesus Cristo se lhe manifestou espiritualmente e o encaminhou pela Senda da Luz, quando Saulo viajava de Jerusalém para Damasco, perseguindo os Discípulos que pregavam a Santa Doutrina.

Seguindo essa seita desviada, ele não chegaria à Verdade, como o comprova o fato de que se não fosse assim, não tinha São Paulo por que combater essa seita a que pertencera antes; esperando também que, a “seu tempo”, obtivessem a salvação os demais, como ele a obteve.

Chegaremos ao absurdo de que, por qualquer caminho, vamos chegar a um ponto que desconhecemos; e, portanto, não se precisaria que o mesmo Paulo nada ensinasse. Nesta hipótese, os Instrutores estariam demais. Todos deveriam esperar “seu tempo”, que o Divino Mestre se lhes apresentasse espiritualmente, estando em qualquer religião de homens ou de espíritos.

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